Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Odeio Que Me Tenhas Excluído Do Sonho E Do Teu Abraço De Polis (À Putativa Feira Do Livro Do Porto)

Odeio dizer-te isto mas não tinhas o direito de me apagares do calendário como se faz às coisas inúteis que nos poluem os dias, odeio dizer-te isto mas a sombra que lançaste sobre os meus dias, os dias que me debruço sobre as palavras juntas a que chamam de letras não merecia esta escuridão que lhe deste nem o desprezo a que a votaste, odeio dizer-te isto mas não são apenas as notas e os dígitos os inimigos do povo mas a ambição e a ganância que te tomaram e a depressão que causaste a cada um de nós habitantes dos livros, habitantes do norte.
E que esta tristeza que nos causas a nós, leitores, e a nós autores, publicados ou não publicados, aos molhos ou às resmas, em coletâneas ou isolados, mas autores, escritores de sonhos, ou até aos passarinhos que nos vinham chilrear aos ouvidos, e às crianças, meu deus, às crianças, esses pequenos leitores, que esta tristeza «te caia», a ti que não te conheço a face, a ti esse colectivo de falta de vontades, a ti esse negador de «estórias», contos, romances, poemas e de tudo o mais que as palavras juntas encerram, que te caia que nem uma doença, um remorso infindável, um anátema, um ocluso para sempre cravado no teu maxilar. E que a vida que queríamos viver e não a deixaste, que a retomes num próximo ano, envergonhado, humilde, com o dobro da vontade e com o dobro do desprendimento que te perdoe para sempre a usura de um ano em que mataste o sonho. 
 ©PAS

Sem comentários:

Enviar um comentário