Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Papel Versus Digital

«Face aos resultados apurados na investigação “Comunicação de marketing experiencial nas editoras tradicionais: uma resposta ao ambiente digital”, concluiu-se que os sentidos, a afectividade e a nostalgia são uma mais-valia para o prolongamento do ciclo de vida do livro tradicional, pois possibilitam a criação de laços entre o leitor e o objecto físico. As restantes experiências analisadas, como o pensamento (relação cognitiva), a acção (lugar da leitura), a identificação (comunidades de leitura) são igualmente importantes para a sobrevivência do livro tradicional, mas com menor influência. Este estudo demonstra que as editoras têm de se envolver mais no mercado, de desenhar estratégias de comunicação integrada e de apostar no livro em papel como um produto de nicho de mercado, no relacionamento social e nos estímulos experienciais.» (Ana Ferreira; HE; 03/05/2013)
Os resultados do resumo deste estudo são muito interessantes, porque encaixam nas nossas próprias experiências de relação com estes objetos mágicos: sentidos, afetividade, nostalgia. Estando “em remoção/liquidação” do seu lugar de infância, maturidade e merecida reforma pelo uso das suas lombadas, com o «beneplácito» de uma assumida e desumana «cristas» mão de rendas (mais destruidora que o Eduardo mão de tesouras) a biblioteca da minha infância e juventude, levados em pilhas para uns armários metálicos de arrecadação de mestre mako, salvador da morte por guilhotina de uns milhares de livros, experienciei como estes objetos do papel bebem dos sentidos, do afeto e da nostalgia do passado, pequenos filhos de que não nos conseguimos separar, mesmo sabendo dos milhares que nascem todas as semanas.
Peguei numa mão cheia de alguns exemplares (sempre bebés para a quase totalidade dos extraordinários), incluindo dois ou três mestres da literatura policial (literatura que me abandonou aos 15), a uma das farpas do Ramalho (que abro ao calhas onde Ortigão critica “Além da gramática as nossas escolas obrigam o aluno a decorar várias outras coisas igualmente abstratas, como são a lógica, a retórica, a psicologia e o desenho linear…” – tudo coisas que muito falta parece fazerem na atualidade portuguesa), ao bispo negro do Herculano. A conclusão é que seremos sempre um subgrupo de um grupo mais vasto de leitores e aí a conclusão aparentemente na mouche da aposta em ninhos/nichos de mercado.

Sem comentários:

Enviar um comentário