Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

terça-feira, 19 de março de 2013

A Publicação Essa Arma De Dois Gumes E De Muitas Dores De Cabeça

Parece-me neste momento em que a procura suspendeu a respiração, nem a auto-edição, nem a própria edição totalmente assumida por editora, darem lucros ao autor. Perpassa nos desabafos aqui e ali de nomes consagrados, uma desilusão pelo seu trabalho de escrita como trabalho remunerado, muitas vezes não pago ou insuficientemente pago. 
Assim, o risco estará cada vez mais do lado dos escritores, que têm de perceber o motivo por que escrevem.

Ainda esta manhã zurzia contra o finlandês Olli Rehn, o holandês Jeroen Dijsselbloem, os alemães Wolfgang Schauble e Jorg Asmussen .
Zurzia pela sua postura de senhores da mittleuropa, de formiguinhas egoístas perante as sulistas cigarras. Schauble, o alemão, tem até esta expressão engraçada de afirmar a «pressão incrível» a que sujeitaram o pobre cipriota. 
Pergunto-me: e a pressão incrível a que devem estas sujeitas a grande maioria das editoras, senão a totalidade, cada vez mais migrando para espaços de serviços, da revisão ao editing», à própria intermediação com as gráficas, perante a avalanche de custos, de obras – primas e da rarefacção de receitas por venda dos seus produtos iniciais? A pressão pela sustentabilidade e pela sobrevivência do seu modelo de negócio é simples de perceber num mundo em que disseminou teclados ao pé dos dedos de cada uma das individualidades - que somos nós - e da oferta de preenchimento dos tempos de lazer ao infinito – ao contrário dos tempos de qualidade. 
Quem não está distraído, apreendeu e percebeu o grito desesperado dos editores perante a resma de «obras – primas» colocadas diariamente perante os seus olhos, sentindo a angústia pela cooptação por menos de uma mão cheia (e que risco correm podendo deixar escapar algo que o gosto e o aleatório resolva consagrar?)

A realidade é que estamos em mudança acelerada. 
Quem quiser ser lido no futuro terá de passar por blogues, cooperativas de escritores, nichos de leitores e novas formas de publicação mais baratas aos poucos leitores que restarão (seremos todos muito mais escritores da nossa própria realidade!) e aos muitos escritores que se adivinham; e a um tempo de aprendizagem cada vez mais demorado que permita uma perfeição anterior sufragada pelo tempo - e em grande medida pela sua edição de autor ou notoriedade pelo concurso literário.

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