Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os Dez Mandamentos Do Publicável

«Este texto tem já alguns anos e foi publicado originalmente no blogue Oceanos, dinamizado pelo atual editor da Porto Editora. Relembramos aqui essa publicação, desafiando o Manuel Alberto Valente a ressuscitar o defunto Oceanos.
«1. Nunca mande o seu original pelo correio. Entre os 36.427 originais que chegam todos os meses às editoras, o seu vai certamente ficar perdido dentro de um armário e merecerá apenas, alguns meses depois, uma simpática carta de três linhas a explicar que “por imperiosas razões de equilíbrio editorial”…
2. Não mande nunca o seu original por e-mail. Você acha que um editor vai gastar várias dezenas de folhas de papel A4 para imprimir cada um dos originais que recebe?
3. Não diga nunca que o seu original vai modificar (ou revolucionar) a literatura portuguesa. As feiras de saldos estão cheias de livros que se apresentaram com esse propósito – e os editores não esquecem.
4. Saiba procurar uma editora adequada àquilo que escreveu e suficientemente pequena para reparar em si – a maior parte das outras tem à porta, como nos hotéis, um letreiro que diz “completo”. Não é fácil arranjar um quarto livre…
5. Procure, se possível, a ajuda de um “notável”. Se o seu original vier “recomendado”, é evidente que as hipóteses aumentam.
6. Nunca diga que está disposto a partilhar os custos da edição. Isso é quase sempre sinónimo de que o seu original é mau…
7. Apresente um currículo escrito em português decente. Se logo no currículo diz que escreve “à vários anos”, nenhum editor o vai levar a sério.
8. Nunca diga que é discípulo do Lobo Antunes ou do Saramago. Bastam os originais.
9. Não mande poemas em que “amor” rima com “dor” e “saudade” com “idade”. Candidate-se antes aos Jogos Florais da câmara mais próxima.
10. E sobretudo não diga que quer ser publicado amanhã, nem fale em rebuscados planos de promoção. Espere humildemente pela sua vez.»
Estes quase «dez mandamentos irónicos» em estilo de conselho do actual responsável da Porto Editora, são muito úteis a quem gostaria de ver a sua «literatura» publicada por uma editora.

É óbvio que hoje há muitas outras opções de um autor ver publicado o seu trabalho (e no próximo futuro muito mais, com as novas maquinetas low - cost, e na hora de impressão gráfica) mas todas elas esbarram na necessidade de os originais serem analisados previamente por alguém com experiência e sensibilidade editorial: e a esse alguém chama-se «editor».

Claro que para os putativos autores é difícil perceber como fazer, se não se pode mandar o original por e-mail e muito menos por correio.

Estando a ler por ordem de publicação os livros de João Tordo, facilmente me apercebo do caminho que tem trilhado desde «O Livro dos homens sem luz».

Se no «Livro dos homens sem luz» se detectam enormes influências de um tipo de romance «geo-datado», é verdade que assiste-se a uma melhoria acentuada com «Hotel Memória», sendo que «O Bom Inverno» já começa a demonstrar uma fluidez assinalável e o despertar do enorme potencial narrativo do João.

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